sábado, 1 de outubro de 2011

31° Domingo Comum - Ano A

Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

TRIGÉSIMO PRIMEIRO DOMINGO COMUM - Ano A

Mt 23, 1-12

“O maior dentro vós será vosso servo”

 
   
O capítulo 23 de Mateus funciona como um tipo de dobradiça, que termina a série de parábolas de julgamento e as controvérsias com as lideranças judaicas, que se iniciaram em 21, 23, e ao mesmo tempo introduz o último grande discurso, o da parusia, de Cap. 24-25. Contém algumas das linhas mais virulentas da Bíblia, palavras que - embora colocadas na boca de Jesus - refletem o ambiente polêmico de condenação mútua que existia entre a comunidade mateana e a liderança farisaica da sinagoga, especialmente depois de 85 d.C., quando as duas comunidades estavam engajadas em uma luta pela hegemonia do judaísmo, depois da destruição do Templo de Jerusalém.
    É necessário entender que a comunidade de Mateus era formada quase totalmente por cristãos judeus, que se entenderam dentro do judaísmo. Porém, no esforço de reconstruir o judaísmo depois do desastre de 70 d.C., quando Jerusalém foi destruída, os fariseus assumiram a liderança e quiseram impor a sua interpretação da Lei sobre as sinagogas. A comunidade de Mateus rejeitava essa pretensão e assim entrou em conflito aberto com a liderança farisaica do judaísmo formativo. É esse ambiente de polêmica e acusação mútua que está subjacente aos textos do capítulo 23.
    Diferente da comunidade de Marcos ou de Lucas, a de Mateus se preocupa ainda com a vivência da Lei - mas, rejeita a interpretação farisaica, que classifica como “amarrar fardos pesados” (v. 4). Desautoriza os fariseus, não pelo que falam, mas pelo que vivem - e adverte os membros da comunidade contra a tentação de praticar atos religiosos externos, para serem louvados pelos outros, e também contra o perigo de assumir títulos para se vangloriarem. Volta a insistir, como em outros trechos dos evangelhos, na necessidade de ser “grande” através do serviço aos irmãos.
 Mesmo tirando o contexto polêmico histórico, que não vale para hoje, as palavras do nosso texto são atuais para os nossos dias. Pois, as tentações do poder e de prestígio são perenes! Se Mateus sentiu a necessidade de advertir os seus membros contra esses perigos, sem dúvida foi porque muita gente estava gostando dos elogios e títulos e descuidando do serviço humilde. Vale para nós hoje - e especialmente para quem tem qualquer liderança ou posição de destaque nas comunidades eclesiais! Todos esses ministérios existem para o serviço, e não para a glória própria.
Quanta correria às vezes atrás de títulos e rótulos, de manifestações externas de importância e prestígio! Por isso, o evangelho nos lembra que nosso único mestre é Jesus! Ele que mais provou, pela palavra e pela vida, que “o maior dentre vos será o vosso servo; todo aquele que se exalta será humilhado, e todo aquele que se humilha, será exaltado” (v. 12). Essas palavras combatem qualquer abuso de poder, mesmo incipiente, que eventualmente se acha entre as nossas lideranças, sejam elas ordenadas ou leigas. Todos nós somos sujeitos a cair nessa tentação. Que Jesus seja o nosso exemplo!

 

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