sexta-feira, 4 de março de 2011

2º Domingo da Quaresma - Ano A


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD


SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA - Ano A


Mt 17, 1-13

Este é o meu Filho amado, que muito me agrada


Oração do dia
Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado, alimentai nosso espírito com a vossa palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

EVANGELHO (Mateus 17,1-9)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
Naquele tempo, 17,1Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. 2E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. 3Nisto apareceram-lhe Moisés e Elias, conversando com Jesus. 4Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 5Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!” 6Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. 7Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”. 8Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. 9Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.
- Palavra da Salvação.

COMENTÁRIO
Esse trecho vem logo após o diálogo com Pedro e os discípulos sobre quem era Jesus e como deveria ser o seu seguimento: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga” (Mt 16, 24). Começando a passagem com as palavras “seis dias depois,” Mateus quer ligar estreitamente o texto com a mensagem anterior sobre a cruz.
Neste momento Jesus “subiu à montanha” (v. 1), e aparecem Moisés e Elias, símbolos da Lei e dos Profetas. Assim, Mateus mostra que Jesus está em continuidade com as Escrituras, isto é, o caminho que Jesus segue está de acordo com a vontade de Deus. Os dois personagens, tanto Moisés como Elias, eram profetas rejeitados e perseguidos no seu tempo - Mateus aqui vislumbra o destino de Jesus, de ser rejeitado, mas também de ser reivindicado por Deus. E Pedro faz uma sugestão descabida: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para Ti, uma para Moisés e outra para Elias” (v. 4). Claro, era bom ficar ali, num momento místico, longe do dia-a-dia, da caminhada, das dúvidas, dos desentendimentos, da luta. Quem não iria querer? Mas, não é uma sugestão que Jesus pudesse aceitar. Terminado o momento de revelação, Jesus estava sozinho, e “desceram da montanha” (v. 9). Por tão gostoso que pudesse ser ficar no Monte Tabor, era preciso descer para enfrentar o caminho até o Monte Calvário! A experiência da Transfiguração está intimamente ligada com a experiência da cruz! Quem sabe, talvez a força da experiência do Tabor desse a Jesus a coragem necessária para aguentar a experiência bem dolorida do Calvário!
É interessante que a Exortação Apostólica “Vita Consecrata” usa a imagem da Transfiguração como paradigma para a vida consagrada - mas, por extensão, também serve para a vida cristã de todos os batizados. O Papa João Paulo II sugere que os religiosos (as) - e aqui aplicamos a todos os cristãos - devem subir Monte Tabor para serem transfigurados, para depois descerem para “lavar os pés” dos irmãos e irmãs! Uma linda imagem! Todos nós - seja qual for a nossa vocação - precisamos de momentos de oração profunda, de união especial com Deus. Mas, estas experiências não são “intimistas” - nos aprofundam a nossa fé e o nosso seguimento, para que possamos seguir o exemplo d’Ele que lavou os pés dos discípulos: “Eu, que sou o Mestre e o Senhor, lavei os seus pés; por isso vocês devem lavar os pés uns dos outros” (Jo 13, 14).
Também este trecho pode nos ensinar a valorizar os momentos de “Tabor”, os momentos de paz, de reflexão, de oração. Pois, se formos coerentes com a nossa fé, teremos muitas vezes de fazer a experiência de “Calvário”! E somos fracos demais para aguentar esta experiência - por isso busquemos forças na oração, na Palavra de Deus, na meditação, - mas sempre para que possamos retomar o caminho, como fizeram Jesus e os três discípulos! E para os momentos de dúvida e dificuldade, o texto nos traz o conselho melhor possível, através da voz que saiu da nuvem: “Este é o meu Filho, que muito me agrada. Escutem o que ele diz!” (v. 5). Façamos isso, e venceremos os nossos Calvários!


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