quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

EPIFANIA DO SENHOR


Refletindo o Evangelho do dia

Pe. Thomaz Hughes, SVD

FESTA DA EPIFANIA DO SENHOR
Mt 2, 1-12
“Ajoelharam-se diante dele e lhe prestaram homenagem”


Oração do dia

Ó Deus, que hoje revelastes o vosso filho às nações, guiando-as pela estrela, concedei aos vossos servos e servas, que já vos conhecem pela fé, contemplar-vos um dia face a face no céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

EVANGELHO
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 2,1-12

2,1Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, 2perguntando: 'Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.' 3Ao saber disso, o rei Herodes ficou perturbado assim como toda a cidade de Jerusalém. 4Reunindo todos os sumos sacerdotes e os mestres da Lei, perguntava-lhes onde o Messias deveria nascer. 5Eles responderam: 'Em Belém, na Judéia, pois assim foi escrito pelo profeta: 6E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe que vai ser o pastor de Israel, o meu povo.' 7Então Herodes chamou em segredo os magos e procurou saber deles cuidadosamente quando a estrela tinha aparecido. 8Depois os enviou a Belém, dizendo: 'Ide e procurai obter informações exatas sobre o menino. E, quando o encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-lo.' 9Depois que ouviram o rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino. 10Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande. 11Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. 12Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, seguindo outro caminho. -Palavra da Salvação.

Comentário ao Evangelho
     Hoje celebramos uma das grandes festas do Ciclo de Natal - a Manifestação do Senhor (“Epifania” em grego), onde comemoramos o fato de que Jesus foi manifestado não somente ao seu próprio povo, mas a todos os povos, representados pelos Magos do Oriente. Além da sua grande popularidade folclórica, a festa celebra uma grande verdade da fé - que a salvação em Jesus é destinada a todos os povos, sem distinção de raça, cor ou religião. Retomando a grande intuição do profeta Isaías, celebramos hoje a salvação universal em Jesus.
O texto de hoje é altamente simbólico - usa uma técnica da literatura judaica chamada “midrash”, ou seja, uma releitura de passagens bíblicas, com o intuito de atualizá-las. Assim, Mateus quer ensinar algo sobre Jesus, usando figuras e símbolos tirados de diversos textos do Antigo Testamento. Por exemplo:
Vêm os magos (nem três, nem reis, segundo o texto!) buscando o Rei dos Judeus. Esses magos nos lembram dos magos que enfrentavam e foram derrotados por Moisés (Êx 7, 11.22; 8, 3.14-15; 9,11) e acabaram reconhecendo o poder de Deus nas maravilhas feitas por Ele.
A estrela é sinal da vinda do Messias, prevista na profecia de Balaão (Nm 24, 17).
O menino nasce em Belém, segundo a profecia de Miquéias (Mq 5, 1).
Os presentes lembram as profecias de Isaías sobre os estrangeiros que viriam a Jerusalém trazendo presentes para Deus (Is 49, 23; 60,5; também Sl 72, 10-11).
Herodes é o novo Faraó, que também massacra os filhos do povo de Deus (Êx 1, 8.16).
O texto chama a atenção pelas reações diferentes diante do acontecido. Os que deveriam reconhecer o Messias - pois são versados nas escrituras - ficam alarmados, pois para eles, opressores do povo através do abuso da religião e da política, Jesus e a sua mensagem constituem uma ameaça. Outros, pagãos do oriente, buscando sem ter certeza, arriscam muito para descobrir o verdadeiro Deus, e entregam-lhe presentes, sinais da partilha que será característica do Reino que Jesus veio pregar.
Hoje em dia, verificam-se as mesmas reações diante de Jesus e do seu Evangelho. Muitos querem reduzir os eventos religiosos a algo folclórico com shows e cantos, mas que de forma alguma deve questionar a nossa sociedade e os seus valores. Para outros, o menino na estrebaria é um sinal do novo projeto de Deus, o mundo fraterno, onde todos as pessoas de boa vontade têm que se unir, seja qual for a sua raça, nação, gênero ou religião, para construir a fraternidade que Deus quer.
Jesus não precisa de presentes, mas sim do nosso esforço na vivência do seu Reino. Não paremos numa explicação sentimental dos eventos das narrativas da Infância de Jesus, mas procuremos penetrar no seu sentido mais profundo. Pois, na prática, temos que optar, ou pela a vivência religiosa vazia, como a de Herodes e dos Sumos Sacerdotes, ou pela mensagem libertadora do Menino de Belém, que convoca a todos, representados pelos magos, para a construção do mundo de paz, fraternidade e justiça, pois Jesus veio para que “todos tenham a vida e a tenham plenamente.” (Jo 10, 10).
A festa de hoje é altamente missionária, pois é a manifestação de Jesus às nações. É uma boa oportunidade para retomarmos os apelos do Documento de Aparecida, que conclama à uma missão renovada, onde todos os cristãos saem dos limites das suas comunidades de fé, para levar o Evangelho especialmente aos mais afastados. Temos muito a caminhar ainda, mas o início foi feito, para que cheguemos a um Brasil não somente de batizados, mas de discípulos-missionários.


Salmo 71/72

As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!

Dai ao rei vossos poderes, Senhor Deus,
vossa justiça ao descendente da realeza!
Com justiça ele governe o vosso povo,
comeqüidade ele julgue os vossos pobres.

As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!

Nos seus dias a justiça florirá
e grande paz, até que a lua perca o brilho!
De mar a mar estenderá o seu domínio,
e desde o rio até os confins de toda a terra!

As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!

Os reis de Társis e das ilhas hão de vir
e oferecer-lhe seus presentes e seus dons;
e também os reis de Seba e de Sabá
hão de trazer-lhe oferendas e tributos.
Os reis de toda a terra hão de adorá-lo,
e todas as nações hão de servi-lo.

As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!

Libertará o indigente que suplica
e o pobre ao qual ninguém quer ajudar.
Terra pena do indigente e do infeliz,
e a vida dos humildes salvará.

As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!






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