sábado, 27 de novembro de 2010

1º Domingo do Advento - Ano A

Refletindo o Evangelho do Domingo


Pe. Thomaz Hughes, SVD

1º Domingo do Advento - Ano A

Mt 24,37-44
"Portanto, fiquem vigiando!"
Oração do dia

Ó Deus todo-poderoso, concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho (Mateus 24, 37-44)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
24,37 Disse Jesus: “Assim como foi nos tempos de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem.
38 Nos dias que precederam o dilúvio, comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca.
39 E os homens de nada sabiam, até o momento em que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também na volta do Filho do Homem.
40 Dois homens estarão no campo: um será tomado, o outro será deixado.
41 Duas mulheres estarão moendo no mesmo moinho: uma será tomada a outra será deixada.
42 Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor.
43 Sabei que se o pai de família soubesse em que hora da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa.
44 Por isso, estai também vós preparados porque o Filho do Homem virá numa hora em que menos pensardes”.
Palavra da Salvação.

Comentário ao Evangelho

Neste primeiro Domingo do novo Ano Litúrgico, na preparação para o Natal, o texto se situa dentro do chamado "Discurso Apocalíptico" de Mateus, que inicia-se em 24, 1 e termina em 25, 46. Estes versículos (começando em v. 32) respondem a pergunta feita a Jesus pelos discípulos em v. 3 "Dize-nos quando vai ser isso, e qual será o sinal da tua vinda e do fim do mundo?" Jesus não se detém em explicitar datas, mas enfatiza a atitude de vida que deve marcar os seus seguidores sempre, e não somente quando acham que o fim do mundo se aproxima. Neste discurso, ele descarta qualquer marcação da data, afirmando num versículo anterior "quanto a esse dia e hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do céu, nem o Filho. Somente o Pai é quem sabe"(v. 36).
Jesus usa imagens da história de Noé. As pessoas daquela época se preocuparam com nada, nada perceberam - em nossos termos hoje, poderíamos dizer que eles não souberam ler "os sinais dos tempos". Por isso, foram pegas de surpresa, perderam a hora da graça, e se perderam.
Sem levar a história a pé-da-letra, podemos muito bem aplicar a mensagem à nossa situação atual. A Igreja sempre nos conclama para que leiamos "os sinais dos tempos". Um sinal aponta para uma realidade mais profunda! Não basta ficarmos somente com o sinal, temos que descobrir a realidade subjacente a qual ele aponta.
Hoje não nos faltam sinais dos tempos - a miséria de milhões dos nossos irmãos e irmãs espalhadops pelo mundo inteiro, o terrorismo individual e estatal, a exclusão social, a violência de todos os tipos, a globalização excludente, a urbanização, a secularização, o aumento de fundamentalismo religioso. Também tem muitos sinais positivos - as comunidades de base, os movimentos populares, a consciência ecológica, a luta contra racismo e por novas relações de gênero. O problema é estar atento aos sinais e saber interpretá-los! Pois muitos sinais podem ser ambíguos, e temos que ter clareza sobre os nossos critérios de interpretação da realidade.
O nosso critério sempre será Jesus - a sua pessoa e o seu projeto de fidelidade com a vontade do Pai. Os sinais têm que passar pelo crivo da fidelidade a Jesus, que veio "para que todos tenham a vida e a tenham em plenitude"(Jo 10,10). Devem ser comparados e contrastados com a nossa medida, que é a prática de Jesus, em favor da vida e especialmente dos excluídos e oprimidos.
Assim, somos convidados hoje à vigilância (v. 42). Essa deve ser uma característica do cristão e da comunidade cristã. Vigiemos para que a nossa casa - a nossa consciência, a nossa comunidade, a nossa prática - não seja invadida por quem quer o mal, que traz projeto da morte. Vivendo como somos, num mudo imerso nos valores e contravalores de uma sociedade de consumo, cujo Deus é o lucro e cujo evangelho a a competitividade, é fácil acontecer que a gente absorva esses critérios como por osmose, sem notar. Assim o "ladrão" entra na nossa casa por falta da vigilância, para subtrair os nosso bens - a fraternidade, a solidariedade, a partilha, a nossa fidelidade à pratica de Jesus, o projeto do Reino, a integridade do universo criado. Assim, quando Jesus, o Filho do Homem, vem nas realidades da nossa vida, nem o reconhecemos, e perdemos a hora da graça!
O texto não nos remete primeiramente à uma preparação de um encontro com Jesus depois da morte, nem na sua Segunda Vinda, mas nos convida à uma vigilância hoje, para que saibamos encontrá-lo através de uma leitura correta dos "sinais dos tempos", vigilantes para que não percamos a nossa razão de ser como cristãos - a concretização do Projeto do Pai, na construção de um mundo solidário, de fraternidade, partilha paz e justiça, o mundo do "Shalom" de Deus". O Advento é tempo oportuno para que examinemos a nossa vida para descobrir se realmente estamos atentos o tempo todo, para não perdermos as manifestações da presença de Jesus no meio de nós. É tempo de nos dedicarmos mais à oração, para renovarmos as nossas forças, para não cairmos na armadilha da "inatenção" no meio das preocupações e barulho do mundo moderno, para que os nossos corações continuem "sensíveis" aos apelos do Senhor, através dos irmãos, no nosso dia-a-dia.
Salmo 121/122

Que alegria quando me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”

Que alegria quando ouvi que me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”
E agora nossos pés já se detêm,
Jerusalém, em tuas portas.

Que alegria quando me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”

Para lá sobem as tribos de Israel,
as tribos do Senhor.
Para louvar, segundo a lei de Israel,
o nome do Senhor.
A sede da justiça lá está
e o trono de Davi.

Que alegria quando me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”

Rogai que viva em paz Jerusalém,
e em segurança os que te amam!
Que a paz habite dentro de teus muros,
tranqüilidade em teus palácios!

Que alegria quando me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”

Por amor a meus irmãos e meus amigos,
peço: “A paz esteja em ti!”
Pelo amor que tenho à casa do Senhor,
eu te desejo todo bem!

Que alegria quando me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”

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